Zona Proibida - Tomada, seu disco mais recente, estreou em quinto lugar no iTunes em menos de 24 horas. Suas apresentações são quase sempre de ingressos esgotados. Como é pra você, com uma carreira tão jovem, já ter esse reconhecimento e carinho do público?
Filipe Catto - Pra mim é tudo muito gratificante, especialmente pelo privilégio de trabalhar com o que eu amo. Me sinto uma pessoa bem sucedida, realizada, porque fazer música em qualquer lugar do mundo é muito desafiador. Poder viver a música no meu dia a dia profissionalmente é uma dádiva, luxo.
ZP - Uma das coisas que me chamam a atenção no seu trabalho são as releituras que você faz. Como por exemplo "Garçom" de Reginaldo Rossi, "20 e poucos anos" de Fábio Jr., "Quem é?" da Simone. Em algum momento você pretende lançar um disco apenas de releituras?
FC - Não exclusivamente, porque eu acho que estas músicas existem dentro de um contexto, elas precisam estar dentro de um espetáculo, de um disco para que elas tenham contrapontos e tenham seu brilho realçado, Quando faço o repertório de um projeto, gosto de misturar gêneros, ideias, canções, e isso faz com que elas se valorizem. O público tem todo direito de compilar essas gravações como bem entender, mas da minha parte prefiro sempre que o conceito artístico do repertório seja evidenciado.
Emanuelle Araújo, Filipe e Arnaldo Antunes |
ZP - É de conhecimento geral que a Cássia Eller é uma de suas maiores influências artísticas e pessoais. Recentemente você participou ao lado de outros grandes artistas da homenagem realizada a ela no Rock in Rio. Como foi fazer parte desse momento?
FC - Foi um sonho realizado, até agora parece mentira. Foi lindo poder homenagear Cássia ao lado de pessoas tão bacanas.
FC - Eu acho que a música tem esse poder, e essas questões são nossas. Acho fundamental que a gente se apodere do discurso, mas acima de tudo eu quero falar em primeira pessoa das minhas questões. Acho bacana poder explorar como interprete todas essas nuances, e fazer o público refletir, se libertar, interagir com esses temas.
ZP - Em suas apresentações, qual é a canção que te conecta à alma do mundo e ao mesmo tempo te desconecta até de você mesmo? Qual é a canção que não pode faltar em seus shows?
FC - Depende muito do momento. As canções são seres independentes. Elas que governam a mim, não o contrário. Tem momentos em que uma canção ganha muito significado, e isso depende do que está acontecendo na sua vida. Mas definitivame adoração e saga são duas canções que sempre estão no show, porque são um elo de ligação poderoso com o público. Adoro essas, assim como Ave de prata, mergulho, roupa do corpo, dias e noites, partiu... Não consigo escolher (risos).
ZP - Com o advento das mídias sociais o abismo que existia entre artistas e fãs praticamente desapareceu. Hoje qualquer pessoa pode mandar uma mensagem pra seu artista favorito instantaneamente. Como você enxerga essa aproximação?
FC - Acho maravilhoso e natural, é para onde nossa cultura está indo, para essa pessoalidade em todos os setores. Eu tenho uma relação bacana com as redes, não sou adicto, mas sempre tento atualizar o que posso. Por outro lado, levo muito a sério o contato pessoal do show, de poder entregar tudo ali de verdade, olhar para as pessoas de verdade, e não só através das redes.
Tomada, novo disco de Filipe Catto |
FC - Quero ir para o mundo, cantar, conhecer gente, me entregar para as canções, entrar em contato com o novo. Pra mim a vida é essa mudança constante, essa busca de estar sempre dentro do presente, vivendo, fazendo conexões. O maior patrimônio que a gente tem são as nossas relações. De certa forma, minha vontade enquanto artista é poder ir mais fundo nessa relação com o público, não ficar apenas na superfície. Quero ir até o fundo do que posso, como diz a música Mergulho.
ZP - Quais músicas não podem faltar na sua playlist?
FC - Dreams, do Fleetwood Mac. Killing Moon, do Echo and the Bunnymen. Stones, Elis e PJ Harvey.
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