terça-feira, 30 de dezembro de 2014

Pastel chinês, minha paixão!

Sempre que vou ao centro da cidade tenho que comer pelo menos um pastel chinês, senão a viagem terá sido em vão! Pastel chinês é vida, e vida com abundância! hahaha

Pesquisei aqui no Sr. Google, uma receita que fosse igual, ou pelo menos semelhante, ao pastel que sempre compro lá no centro da cidade, e encontrei essa daqui. Ela é super fácil de se fazer! Mas, antes da receita, vou colocar um pouco da controversa origem do mesmo...


Há discussões sobre a origem do pastel.

De acordo com o professor Ricardo Maranhão, coordenador do Centro de Pesquisas em Gastronomia Brasileira da Universidade Anhembi Morumbi, a trajetória desta receita é difícil de ser rastreada, pois nunca foi muito pesquisada. Ele acredita que o pastel frito, tipicamente brasileiro, é originário da Europa, onde haviam várias receitas de massas ou pães recheadas e levadas ao forno ou cozidas, denominadas pastéis. Mais especificamente, ele crê que o prato tem suas raízes em Portugal, onde há registro de uma receita de camarão envolto em massa crocante e frita, datada de 1680.

Porém, segundo Marcelo Angele, professor de gastronomia do Senac, o pastel deriva dos rolinhos-primavera, da culinária chinesa, e dos guiozas da culinária japonesa. Na versão dele, os pastéis foram introduzidos por imigrantes chineses, que adaptaram a receita aos ingredientes disponíveis no Brasil, e os japoneses, durante a Segunda Guerra Mundial, difundiram o prato, abrindo pastelarias no intuito de se passarem por chineses para se livrarem da discriminação que havia na época em razão da guerra.

O pastel, como hoje conhecemos no Brasil, iniciou a sua difusão na década de 1940 por meio dos descendentes de imigrantes japoneses em Santos. A receita rapidamente se espalhou por São Paulo e depois pelo resto do país.  (fonte - Wikipédia)


Agora que já fomos alimentados pelo conhecimento infinito da Wikipédia, vamos ao que interessa...



A RECEITA


* Separe os ingredientes

Será necessário uma xícara e meia de farinha de trigo,

uma colher de chá de fermento comum,
duas colheres de sopa de manteiga, um ovo e sal


* Fazendo o recheio

Lembrando que você pode usar o recheio que preferir, mas no caso, esse daqui é de carne. Eu prefiro de frango! hahaha

Para o recheio você vai precisar de carne moída, pimentão, tomate, cebola, alho, sal, sazon e massa de tomate. Se quiser pode acrescentar orégano e salsinha, ou outros temperos, é só refogar a carne moída com todos os temperos.


* Iniciando o preparo

Peneire o trigo, o sal e o fermento. em um mármore, você vai abrir um buraco no meio, e colocar a manteiga e o ovo, misturando na ponta dos dedos como se fosse uma farofa, borrifando com água até que a massa possa saltar da sua mão.

Deixe a massa descansar por aproximadamente 25 minutos, depois disso estique ela bem com um rolo, ela precisa ficar bem fina. Corte-a em pedaços, e recheie bem.


* Fritura

Coloque bastante óleo na panela e depois coloque os pastéis para fritar. Em uma vasilha coloque papel toalha para que possa escorrer a gordura, e depois é só servir.


Testarei a receita e colocarei aqui no blog as fotos!
Zhù nín hǎo wèikǒu! (segundo o Google, é "bom apetite" em chinês)



fonte da receita - Como Fazer

sexta-feira, 26 de dezembro de 2014

Tempo...



Quem tem olhos pra ver o tempo
Soprando sulcos na pele
Soprando sulcos na pele
Soprando sulcos?

O tempo andou riscando meu rosto

Com uma navalha fina
Sem raiva nem rancor.
O tempo riscou meu rosto com calma
Eu parei de lutar contra o tempo
(ando exercendo instantes
acho que ganhei presença).

Acho que a vida anda passando a mão em mim.

A vida anda passando a mão em mim.
Acho que a vida anda passando.
A vida anda passando.
Acho que a vida anda.
A vida anda em mim.
Acho que há vida em mim.
A vida em mim anda passando.
Acho que a vida anda passando a mão em mim.

E por falar em sexo

Quem anda me comendo é o tempo
Na verdade faz tempo
Mas eu escondia
Porque ele me pegava à força
E por trás.
Um dia resolvi encará-lo de frente
E disse: Tempo,
Se você tem que me comer
Que seja com o meu consentimento
E me olhando nos olhos
Acho que ganhei o tempo
De lá pra cá
Ele tem sido bom comigo
Dizem que ando até remoçando.



Viviane Mosé

quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

Perfeição




Vamos celebrar a estupidez humana
a estupidez de todas as nações
o meu país e sua corja de assassinos
covardes 
estupradores e ladrões

Vamos celebrar a estupidez do povo
nossa polícia e televisão
Vamos celebrar nosso governo
e nosso estado que não é nação

Celebrar a juventude sem escolas
as crianças mortas
Celebrar nossa desunião

Vamos celebrar Eros e Thanatos
Persephone e Hades
Vamos celebrar nossa tristeza
Vamos celebrar nossa vaidade

Vamos comemorar como idiotas
a cada fevereiro e feriado
Todos os mortos nas estradas
os mortos por falta de hospitais

Vamos celebrar nossa justiça
a ganância e a difamação
Vamos celebrar os preconceitos
o voto dos analfabetos
Comemorar a água podre
E todos os impostos
Queimadas, mentiras
E sequestros

Nosso castelo
De cartas marcadas
O trabalho escravo
Nosso pequeno universo
Toda a hipocrisia
E toda a afetação
Todo roubo e toda indiferença
Vamos celebrar epidemias
É a festa da torcida campeã

Vamos celebrar a fome
Não ter a quem ouvir
Não se ter a quem amar
Vamos alimentar o que é maldade
Vamos machucar o coração

Vamos celebrar nossa bandeira
Nosso passado
De absurdos gloriosos
Tudo que é gratuito e feio
Tudo o que é normal
Vamos cantar juntos
O hino nacional
A lágrima é verdadeira
Vamos celebrar nossa saudade
E comemorar a nossa solidão

Vamos festejar a inveja
A intolerância
A incompreensão
Vamos festejar a violência
E esquecer a nossa gente
Que trabalhou honestamente
A vida inteira
E agora não tem mais
Direito a nada

Vamos celebrar a aberração
De toda a nossa falta de bom senso
Nosso descaso por educação
Vamos celebrar o horror
De tudo isto
Com festa, velório e caixão
Tá tudo morto e enterrado agora
Já que também podemos celebrar
A estupidez de quem cantou
Essa canção

Venha!
Meu coração está com pressa
Quando a esperança está dispersa
Só a verdade me liberta
Chega de maldade e ilusão

Venha!
O amor tem sempre a porta aberta
E vem chegando a primavera
Nosso futuro recomeça
Venha!
Que o que vem é Perfeição!

Sangue de Tinta



"Não é estranho como um livro fica mais grosso depois de ser lido várias vezes?", perguntara Mo quando, no último aniversário de Meggie, mais uma vez haviam visto juntos todos os seus velhos conhecidos. "Como se a cada vez ficasse algo grudado entre suas páginas. Sensações, pensamentos, ruídos, cheiros... E então, quando folheia novamente o livro depois de muitos anos, você descobre a si mesmo ali, um pouco mais novo, um pouco diferente, como se o livro tivesse guardado você, como uma flor prensada, estranha e familiar ao mesmo tempo."


- Cornelia Funke

Alguém me Roubou de Mim

"Passei tanto tempo na escuridão que quase me esqueci o quão lindo é o luar"


O amor não pode nos privar de nós mesmos. A essência antecede a tudo o que podemos oferecer. Só podemos nos oferecer livremente se antes estivermos dispondo de quem somos. Não podemos permitir que um relacionamento nos prive dessa essência. Essa dimensão não pode ser doada. Nossa essência. Se nos retiram o que somos, já não temos nada o que oferecer.



- Pe. Fábio de Melo

Alguém



Alguém me levou de mim.

Alguém que eu não sei dizer,

alguém me levou daqui.

Alguém, esse nome estranho.

Alguém que eu só vi chegar,

alguém que eu não vi partir

Alguém, que se alguém encontrar,

recomende que me devolva a mim.


sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

Quem projetou Brasília?

Não, não foi Niemeyer. O projetista do Plano Piloto de Brasília foi o arquiteto e urbanista Lúcio Costa.

Nascido em 1902 na França, filho de almirante, Lúcio Costa viajou o mundo e recebeu uma formação pluralista. Tendo residido no Reino Unido, estudou na Royal Grammar School e depois, na Suíça, estudou no Collège National. Retornou ao Brasil em 1917 e, mais tarde, passou a frequentar o curso de arquitetura na Escola Nacional de Belas Artes, que ainda aplicava um modelo neoclássico de ensino. Formou-se em 1924.
Apesar de ter usado os moldes neoclássicos no início da carreira, logo rompeu com esse movimento, sendo influenciado diretamente pelo arquiteto franco-suíço Le Corbusier.


Lúcio (à direita) com seu amigo Niemeyer.
Em 1930, por indicação de Rodrigo Melo Franco de Andrade, foi nomeado diretor da Escola Nacional de Belas Artes com a missão de renovar o ensino das artes plásticas e implantar um curso de arquitetura moderna. Dentre seus jovens alunos havia Oscar Niemeyer. Em 1936, numa controvérsia, foi nomeado à projetar a sede do Ministério da Educação e da Saúde Pública. Num primeiro momento era apenas Lúcio quem faria o projeto, mas ele preferiu dividir o projeto com seu amigo e antigo aluno Oscar Niemeyer e seus sócios Carlos Leão, Ernani Vasconcellos, Jorge Moreira e Affonso Eduardo Reidy. Em 1939 foi co-autor do pavilhão brasileiro para a Feira Universal de Nova Iorque juntamente com Niemeyer e Paul Lester Wiener.


Juscelino Kubitschek e Lúcio Costa (à direita).
Em 1957 foi lançado no país um concurso para a nova capital federal, contrariando algumas normas e recebendo críticas de outros participantes, Lúcio enviou uma idéia de anteprojeto, o qual foi vencedor com apenas um voto contra. Desenvolveu o Plano Piloto de Brasília e, como Niemeyer, passou a ser conhecido em todo o mundo como autor de grande parte dos prédios públicos do Brasil.

Após o projeto de Brasília, recebeu convites no Brasil e no exterior para coordenar vários planos urbanísticos. Também foi colaborador e diretor do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional.

Em 1998 faleceu na capital do Rio de Janeiro, onde passou a maior parte da vida, aos 96 anos de idade. Deixou duas filhas, Maria Elisa e Helena.

Amar



Que pode uma criatura senão,
entre criaturas, amar?
amar e esquecer, amar e mal amar,
amar, desamar, amar?
sempre, e até de olhos vidrados, amar?

Que pode, pergunto, o ser amoroso,
sozinho, em rotação universal, senão
rodar também, e amar?
amar o que o mar traz à praia,
o que ele sepulta, e o que, na brisa marinha,
é sal, ou precisão de amor, ou simples ânsia?

Amar solenemente as palmas do deserto,
o que é entrega ou adoração expectante,
e amar o inóspito, o áspero,
um vaso sem flor, um chão de ferro,
e o peito inerte, e a rua vista em sonho,
e uma ave de rapina.

Este o nosso destino: amor sem conta,
distribuído pelas coisas pérfidas ou nulas,
doação ilimitada a uma completa ingratidão,
e na concha vazia do amor à procura medrosa,
paciente, de mais e mais amor.

Amar a nossa falta mesma de amor,
e na secura nossa, amar a água implícita,
e o beijo tácito, e a sede infinita.


Carlos Drummond de Andrade

segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

"Kurt ficou entusiasmado com o Foo Fighters", diz Dave Grohl


O novo episódio da série Sonic Highways, que carrega o mesmo nome do novo álbum do Foo Fighters e mostra o processo de produção do registro, foi gravado em Seattle e relembra a efervescente cena local na qual surgiu o Nirvana. No programa, Dave Grohl revelou que Kurt Cobain era fã do Foo Fighters e que o beijou no rosto quando ouviu a primeira demo do grupo.


"Ele estava tão entusiasmado", disse o líder da banda norte-americana ao relembrar o momento em que Cobain ouviu a demo Alone + Easy Target, de 1992, gravada três anos antes do álbum de estreia do Foo Fighters. "O Kurt ouviu aquilo e me beijou no rosto, porque estava no banho", contou Grohl. "Então, ele me disse: 'ouvi dizer que gravou algumas com o Barrett [Jones, produtor]' e eu respondi que sim. Ele me pediu: 'deixe-me ouvir'. Eu estava com muito medo por estar no mesmo lugar enquanto ele ouvia."


No episódio, Barrett Jones também fala sobre o processo de produção da demo. O produtor conta que Grohl já tinha escrito 40 músicas solo, entre elas está "Hooker on the Street", também divulgada na série. Vale lembrar que Dave Grohl gravou sozinho todas as vozes e instrumentos - com exceção de uma guitarra em X-Static feita por Greg Dulli do Afghan Whigs - de Foo Fighters (1995).

confira a "Dave's Demotape" logo abaixo.








via - Rolling Stone Brasil

sábado, 6 de dezembro de 2014

Artista húngara recria os livros de Harry Potter

a arte original
Criado pela escritora J.K. Rowling, a série Harry Potter já foi traduzida para mais de 60 idiomas.
Segundo um levantamento de 2011, desde o lançamento de "Harry Potter e a Pedra Filosofal" em 1997, a série já acumulou mais de 600 milhões de exemplares vendidos no mundo inteiro, tornando J.K. Rowling a autora mais rica da história.



Trabalho de Fã

todas as relíquias
os livros brilham no escuro
A artista húngara, e fã da série desde muito jovem, Kincső Nagy, recriou de maneira espetacular todos os sete livros da série. Ela usou papel preto para as capas e fez o corte das gravuras a laser. Dentro dos livros existem ilustrações incríveis. Segundo ela, a mágica dos livros acontece quando você termina de ler e apaga a luz.


"Os livro de Harry Potter são extremamente mágicos, misteriosos e cheios de aventura. Meu objetivo era redesenhá-los com ilustrações que refletem essa atmosfera extraordinária. Experimentei ilustrações interativas que não distraíssem o leitor da trama, mas acrescentassem algum significado para a história."












nos links abaixo você pode encontrar mais informações sobre a artista e sobre esse e outros trabalhos dela.

Facebook - Kincső Nagy
Behance - 
Kincső Nagy

terça-feira, 2 de dezembro de 2014

São Paulo em Foco

Os Estados Unidos já forneceram diversos documentários e ficções sobre o que poderia ser considerada uma “cultura gay americana”: suas especificidades artísticas, linguísticas e de modo de vida relacionadas à comunidade LGBT. São filmes que ressaltam as principais manifestações, as principais personalidades envolvidas, os cafés, os cinemas, as ruas que marcaram uma época. São Paulo em Hi-Fi, de certa maneira, começa a propor uma oportuna e importante documentação audiovisual do que seria a cultural gay brasileira, e sua evolução histórica.


Seria impossível aprofundar um conceito tão abrangente em um único projeto, e o diretor Lufe Steffen inteligentemente opta por um tema preciso, mas capaz de representar uma cultura mais ampla: a noite gay paulista dos anos 1960, 70 e 80. A investigação trata essencialmente das boates e discotecas da época, com suas decorações, músicas, drag queens e travestis. Mas ao se falar da dança e da performance, destaca-se também a associação com os cafés, cinemas e principais ruas onde viviam e transitavam gays, lésbicas, travestis e transexuais da época.


Este retrato histórico poderia ser didático e expositivo, mas o cineasta prefere uma abordagem afetiva. São apresentados dezenas de indivíduos relatando as suas lembranças mais queridas, vergonhosas ou marcantes. É um prazer assistir a tantos sorrisos enquanto essas pessoas evocam um período tão importante de suas vidas. Talvez algumas histórias não tenham acontecido exatamente da maneira como foram contadas, e tenham sido deturpadas pelas lembranças. Mas o tema do filme é justamente a construção de uma memória coletiva gay, com seus afetos e contos.

Os registros de época existem, essencialmente das performances no palco das casas noturnas. Os números coreografados mostram a riqueza da produção e revelam as principais canções dos anos retratados, além dos figurinos, dos penteados, das danças. Steffen esforça-se para fazer com que o tema das danças se comunique com o dos relatos através da montagem, mesmo que de maneira simbólica: quando os entrevistados citam a entrada da polícia em boates noturnas, mostram-se coreografias envolvendo caubóis e policiais; quando se cita o impacto da AIDS, escolhe-se um número triste, parcialmente sem som, sobre uma mulher com a sua pistola na mão, apontando para os dançarinos no palco.


Assim, de maneira lúdica e divertida, entre piadas e anedotas, São Paulo em Hi-Fi começa a inserir o tema em discussões sociais mais importantes, como a separação entre discotecas de classe alta e outras populares, a distinção entre lugares para gays e lésbicas, a evolução do linguajar da comunidade LGBT, as condições socioprofissionais de dançarinos e apresentadoras das casas noturnas. Como já havia mostrado no ótimo A Volta da Pauliceia Desvairada, Steffen possui um olhar de sociólogo, mais do que historiador, buscando compreender uma sociedade através de sua estrutura e sua relação com as sociedades ao redor.


Por fim, é com grande simplicidade que o documentário usa a alternância entre depoimentos e imagens de arquivo. Ao invés de se limitarem a criar o ritmo no filme, esses trechos dialogam entre si, produzem um discurso, estabelecem a ponte entre o fato e a lembrança, entre o real e o imaginário. Cabe ao espectador tentar inserir tantos casos absurdos em um mesmo contexto: consegue imaginar Wilza Carla chegando à festa gay sobre um elefante, ou um homem aparecendo nas festas vestido de borboleta, saindo de um caminhão de mudanças? É na articulação entre o individual e o social, o público e o privado, que reside o grande valor de São Paulo em Hi-Fi.


Segue uma entrevista com o diretor Lufe Steffen no programa "Dedo de Prosa".









via - Bruno Camelo/AdoroCinema

Escritora Valéria Pollizi desmistifica o HIV

Quando tinha 16 anos Valéria Pollizi perdeu a virgindade com seu primeiro namorado, a quem conheceu durante uma viagem de navio a Argentina. No entanto, o que poderia ter se tornado apenas uma boa lembrança, mudou toda sua vida, pois ela foi infectada pelo vírus HIV.

Em 1996, aos 26 anos, ela decidiu contar sua história no livro “Depois Daquela Viagem” e, ao falar sobre o assunto que ainda hoje é considerado tabu, Valeria se tornou um ícone de luta contra a doença.

Hoje com 43 anos, Valeria convive com a Aids há 27 anos. Confira abaixo a entrevista que fizemos com a escritora.


Você sofreu preconceito após revelar ter o vírus?

Acho que todo mundo passa por algum tipo de preconceito na vida. Com HIV também, claro. Mas, de uma maneira geral, o preconceito em relação à doença melhorou muito nos últimos 10 anos. Acredito que a melhor forma de lidar com preconceitos é se aceitar como se é. Ou seja, o primeiro preconceito que devemos vencer é o nosso mesmo. A partir dessa “autoaceitação”, tudo fica mais fácil.

Como é a sua vida (rotina)? Mudou muito desde o dia em que descobriu que tinha Aids? Existe alguma restrição?

Nos primeiros anos a aids era muito associada com a morte e vivíamos em eterno medo de adoecer. Com a chegada do coquetel em 1997, ela passou a ser tratada como uma doença crônica. Tive, então, que reaprender a fazer planos. Eu, que aos 20 anos havia abandonado uma faculdade por achar que não haveria tempo de terminá-la, voltei à universidade aos 33 anos, concluí jornalismo e em 2010 uma pós-graduação. Atualmente nosso grande desafio é lidar com os efeitos colaterais do coquetel. Um dos mais comuns é a lipodistrofia uma síndrome metabólica que altera a gordura no corpo e aumenta o colesterol. Por isso é tão importante fazermos exercícios físicos regularmente, termos uma alimentação balanceada e de preferência evitar bebidas alcoólicas e não fumar.


O seu livro “Depois Daquela Viagem” te ajudou de alguma forma a conviver melhor com a doença?

Ajudou muito, pois enquanto estava escrevendo pensei e repensei vários aspectos da Aids, o que me fortaleceu. Ao publicá-lo surgiram os convites para palestras, o que se tornou um trabalho por vários anos. E a paixão pela escrita se instalou de vez, abrindo novos caminhos. Não ter mais que esconder que se tem o vírus, para mim, foi um enorme alívio.

Você acha que seu livro encorajou outros portadores da Aids de alguma maneira?

Não esperava tanto sucesso, pois enquanto estava escrevendo nem sabia se continuaria viva para acabá-lo. Acho que ele vem ajudando, sim, muitos soropositivos, ou mesmo quem não tem o vírus, a lidar melhor com o tema. A adoção dele nas escolas também vem sendo muito importante nesses 15 anos, para tratar de assuntos, não só como a Aids, mas sexualidade, adolescência, prevenção... Agora, então, que o “Depois Daquela Viagem”, traduzido para o espanhol vem sendo adotado em escolas por toda a América Latina, vemos o quanto o livro ainda pode contribuir nessa área.

Qual foi a sua maior dificuldade em todos esses anos?

Acho que, a princípio, me convencer a tomar remédios, na época em que só tinha o AZT e ele fazia efeito por no máximo 1 ano. A questão de planejamento, também foi complicada. No início, não podendo planejar nada e depois tendo que reaprender.

Foi difícil se relacionar? Você costumava conversar já nos primeiros encontros com o parceiro a respeito?

Essa foi outra questão a se aprender. Eu sempre preferi abrir o jogo logo de cara. Mas tenho muitos amigos que preferem contar só se a coisa fica séria.

Você se casou? Teve filhos?

Em 1997 conheci um austríaco numa viagem à Nova Zelândia. Ele aceitou o fato de eu ter HIV e começamos a namorar. Optamos por não ter filhos. Pois em relação ao HIV, há anos já há maneira de controlar a infecção de mãe para o bebê com os remédios. Ficamos juntos por 12 anos. Mas nos separamos em 2013.

Acredita que o assunto Aids ainda seja um tabu?

Para muita gente ainda é um tabu, apesar de o acesso à informação ter melhorado. Para você ter uma ideia, ainda hoje, a maioria das pessoas que conheço que vive com o vírus não conta abertamente que tem. Ou por medo de ser isolado, descriminado, ou por medo de preocupar os entes queridos.

Como é lidar com a Aids no Brasil? Há acesso fácil a medicamentos?

O coquetel, no Brasil, é distribuído gratuitamente pelo SUS a qualquer paciente que precise. É claro que na zona urbana e nas grandes cidades as coisas tendem a funcionar melhor.

Muita gente escreve contando que descobriu ter a doença, como você lida com isso?

Sempre procuro ajudar, dando dicas de quem já vive com o vírus há 27 anos. Em primeiro lugar, que desassocie a doença da morte. Pois é nisso a primeira coisa que as pessoas ainda pensam hoje, quando se descobrem soropositivos. Em segundo, que busque ajuda e informação. Encontre médicos, psicólogos e grupos de apoio em quem possa confiar. Tente contar com a ajuda de amigos e familiares, se possível. Tome a medicação corretamente quando for indicado e faça planos, pois vai precisar deles.

Qual a importância em sua opinião do Dia Mundial de Luta contra a Aids?

Ter um dia no ano para a mídia e a sociedade s debater o tema. Apesar de que isso deveria ser feito constantemente, principalmente com educação sexual contínua nas escolas.




via - Catraca Livre




Há dez anos tive a oportunidade de ler esse livro e digo que foi um dos melhores que já li. Ao contrário do que a mídia diz, o livro que não te acrescenta conteúdo não serve de nada, mesmo que esteja entre os "Dez Mais". Me esclareceu muitas coisas a respeito do assunto e pude então desmistificar e desfazer os meus preconceitos.
Muito obrigado pela coragem Váleria!